Comprei tudo aquilo que precisava. A tarde fora agradável. No entanto tentava disfarçar a minha distracção com o meu bom humor. Quando acabamos deixei Sarah em casa. Agradeci-lhe a tarde. Fora de facto uma tarde bem passada. Depois segui em direcção a minha casa.
Ainda pensava em Andrew. Ele era lindo. Ryan era admirável, mas Andrew… bom, era quase perfeito.
O facto de vir a pensar nisto fez-me acreditar que estava a alucinar quando vi Andrew no passeio a acenar-me.
Encostei. Andrew estava, como sempre, perfeito. Vestia uma camisa azul-bebé que deixava transparecer os seus músculos, e uns Jeans.
- Olá, bom sei que não nos conhecemos. Eu sou o Andrew, irmão do Ryan. Vimo-nos esta tarde na cidade. – disse Andrew quando abria a janela.
A sua voz era quase hipnotizante, era sem dúvida uma voz sedutora.
-Hum. Olá, eu sou a Diane. Sim, eu vi-te com o Ryan. O que fazes por esta zona? Imagino que não moras por aqui, certo?
- Na verdade estás correcta. Não, não moro por aqui. Queria apenas falar contigo. Achas que podes parar no parque e sair para falarmos?
- Sim, claro, saio já.
“Que sorte!” pensei. Isto parecia quase irreal.
Parei no parque mesmo à frente e sai do carro. Andrew já lá estava. Fora rápido.
Sai do carro com um sorriso que Andrew retribuía calorosamente.
- Bom, então querias falar comigo?
- Sim, quero.
Decorreram uns segundos e Andrew não falava.
- E posso saber sobre o que? – Disse eu com um sorriso.
- Sim, era sobre … o Ryan e a Sarah.
Pensara em tudo menos nisso. È claro que ele queria falar sobre o Ryan e a Sarah.
- Ah, sim claro. O que tem?
- Eu ouvi disser que tu não gostas muito do Ryan. Algum motivo em especial?
Corei.
- Bom, na verdade eu estava errada. Eu não conheço o Ryan e deixei-me levar pelos boatos…
- Boatos? – Interrompeu ele. – Que boatos?
- Bem, as pessoas dizem que vocês têm algo de errado. Que são perigosos.
- O Ryan nunca faria mal à Sarah. – Disse Andrew.
- Sim, eu sei. Eles amam-se verdadeiramente.
- E eu nunca te faria mal a ti.
- Desculpa? – Disse eu.
- Diane, eu na verdade, não vim aqui para falar do Ryan e da Sarah. Quando eu te vi à saída da loja, eu senti que tinha de falar contigo. Explicar-te tudo. Eu nunca, mas nunca te faria mal Diane. Não interessa o que as outras pessoas possam dizer. Eu sei que não nos conhecemos. Mas eu sinto uma necessidade involuntária de te proteger, até de mim mesmo.
Ao fundo ouvi tocar o sino que assinalava as 7horas. Chegaria atrasada.
- Andrew, não sei o que queres disser com isso, mas tenho mesmo de ir. Não é por ti, mas os meus pais…
- Sim, eu sei. – Disse Andrew um pouco desapontado.
- Talvez possas ficar com o meu número e esclarecemos as coisas. Que dizes?
- Sim, está bem. – Disse Andrew visivelmente mais animado.
Escrevi o meu número num papel e entreguei-lho animada.
Toquei-lhe momentaneamente e a minha cara adquiriu uma nova expressão, assim como a de Andrew.
Fiquei horrorizada, o meu corpo ficou instintivamente mais tenso, na defensiva.
A mão de Andrew era fria, fria como uma pedra. Mesmo que a temperatura ambiente estivesse baixa era impossível as mãos de Andrew estarem tão frias.
Andrew estava quase envergonhado, olhava para baixo como se estivesse a tentar evitar-me.
Instintivamente entrei no carro e fugi. Andrew continuava igual. No mesmo sitio de cabeça baixa.
Cheguei a casa e meia a tremer sai do carro. Os meus pais estavam a jantar. Aleguei não ter fome e fui para o quarto.
Instintivamente sentei-me ao computador. Fui até ao Google.
Frio. Pesquisar. Nada de importante.
Pálido, frio, belo, sedutor, rápido. Pesquisar.
Eu própria empalideci.
“VAMPIRO”, eram estes os frutos da minha pesquisa. Apercebi-me de que me esquecera de respirar.
Ouvi um estrondo e saltei da cadeira. Era apenas o meu irmão. Senti o meu telemóvel vibrar.
“Lamento ter-te assustado. Eu nunca te faria mal. Compreendo que nunca mais me queiras ver. Andrew”
Estava assustadíssima, mas ao mesmo tempo, naquela tarde, sentimentos mais fortes do que o medo tinham nascido. Eu amava Andrew e agora entendia Sarah.
“Vem ter comigo ao parque”
Morrer nos braços de Andrew. Seria assim o meu final? Estava apavorada. Mas tudo isto era mais forte do que eu. Tinha de ligar a Sarah e dizer-lhe que já sabia. Ligar-lhe-ia enquanto esperava por Andrew.
Cheguei ao parque que agora estava vazio. Sai do carro mas não o desliguei.
Liguei a Sarah que atendeu ao terceiro toque.
- Sarah? Onde estás?
- Estou com o Ryan, mas Louis não sabe.
- Sarah eu já sei.
- Sim Diane. Acabei de contar-te. – Disse Sarah com um tom de voz confuso.
- Não Sarah. Eu já sei que o Ryan e o Andrew são…- Vi Andrew que se dirigia cautelosamente a mim - Ligo-te depois. - E desliguei.
Andrew parou bem afastado de mim.
- Não queria assustar-te daquela maneira.
- Eu sei Andrew, mas…é o meu instinto.
- Eu sei. Mas o que eu disse é verdade, nunca magoaria um ser humano, muito menos a ti.
- Um ser humano? Como assim? Mas tu não és um…vampiro? – Tinha um nó na garganta.
- Sim, sou. Mas nunca tirei uma vida humana. Alimentamo-nos de animais.
- Ah. – Corei.
Andrew avançou um passo e instintivamente eu recuei. Andrew parou. E eu, cuidadosamente avancei até ele. Não se mexeu. Encostei a cabeça no seu ombro e vagarosamente ele abraçou-me. Estava nos braços de um vampiro totalmente desprotegida, era agora ou nunca. Se ele quisesse ter-me-ia morto ali mesmo. No entanto não o fez. Sentia-me mais segura nos braços de um vampiro do que alguma vez me sentira nos braços de um humano.
- Andrew. – Disse eu – Não me importa o que tu és. Tenho medo. Mas é isto que quero. És tu.
- Eu sei querida. E eu nunca te magoarei. Prometo.
E suavemente beijou-me.
Queria espantar o medo da minha cabeça, por isso mudei de assunto.
- A Sarah também descobriu assim?
- A Sarah? – Disse Andrew surpreendido.
- A Sarah descobriu assim que o Ryan era…vampiro? – Ainda me custava dize-lo.
- Hum, a Sarah não sabe Diane.
- Como não sabe? O Ryan não é como tu? – Perguntei confusa.
- Sim, é. No entanto há algo de errado com a Sarah, que acaba por ser bom para Ryan. Ela não o sente…frio, percebes? É algo que nem o Peter consegue explicar.
-Uau. – Disse abismada.
Bolas. Tinha acabado de estragar tudo.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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