O dia passou demasiado lento. Nas aulas não conseguia concentrar-me, não consegui deixar de pensar em Ryan. O que estaria ele agora a fazer? Nem me dissera onde ia durante os próximos dias.
“Sarah? Sarah?!” ouvi, parecia que estavam a chamar-me à distância, mas na verdade Diane estava, literalmente, a gritar-me aos ouvidos.
Estava-mos quase a chegar ao meu carro quando, um pouco a medo a Diane me perguntou.
- Sarah o que se passa contigo? Estiveste distraída durante a aula de Biologia, e durante a aula de Matemática, bem…nem tenho a certeza se realmente estiveste lá.
-Não se passa nada, estou apenas cansada, só isso. Não te preocupes.
-Foi o Ryan não foi? Nós avisamos-te para te afastares dele, há qualquer coisa de errado nesse rapaz…
Não conseguia ouvir aquilo, era inacreditável, na verdade nenhum dos meus amigos conhecia Ryan ou a sua família, mas continuavam a dizer-me que eles tinham algo de errado. Não a deixei terminar.
- Não, não foi o Ryan, como te disse, estou apenas cansada. E na verdade não há nada de errado com o Ryan, ele é – perfeito, era o que queria dizer, mas o que iriam as pessoas dizer se assumisse que amava um rapaz que mal conhecia? - Normal. – Acabei por mentir.
Continuei a andar em direcção ao carro, não sabia se Diane continuava atrás de mim, nem me importava, estava tão chateada que a única coisa que queria era chegar a casa…e falar com o Ryan, se isso fosse possível, o que não me parecia.
Cheguei a casa e felizmente o meu pai ainda não tinha chegado do trabalho. Fui para o meu quarto, pousei os livros na secretária, não me importava com os trabalhos de casa, estava demasiado exausta e zangada para me preocupar com isso.
Peguei no telemóvel, nada…nem uma mensagem.
Não aguentava mais aquilo. “Ligo…não ligo”, não queria parecer demasiado desesperada ao ligar-lhe tendo passado tão pouco tempo desde o nosso encontro na praça, mas começava a ficar preocupada. Ryan não dissera nada desde aquela manhã, e eu não fazia ideia onde ele estava nem quanto tempo iria estar ausente.
Liguei-lhe. Não me importava, preferia parecer desesperada a ficar maluca.
Tocou uma vez, duas, três…deixei tocar na esperança de que ele atendesse, por fim chegou ao voice-mail.
Desliguei. Iria, portanto dar em louca.
Liguei os fones ao meu pequeno leitor de CDs, procurei entre as toneladas de CDs que tinha o mais barulhento que encontrei.
Hoje não podia pensar mais nele.
Enfiei um pijama, pus os fones e liguei o volume no máximo.
Acabei por adormecer exausta…
Lembro-me da ultima coisa que pensei.
“Espero que amanhã estejas de volta”.
Nessa noite tivera um pesadelo.
Acordei assustada e ofegante. Precisava de tomar um duche. Assim fiz. Era cedo por isso levei mais tempo do que o habitual a escolher a minha roupa. Tinha, praticamente, toda a minha roupa em cima da cama, mas acabei por levar o habitual. Jeans e T-shirt.
Enquanto escovava o meu cabelo comecei a pensar no pesadelo que tivera na noite anterior.
Estava na escola à procura de Ryan e ninguém o conhecia, olhavam para mim como se fosse louca e estivesse à procura de uma pessoa que nunca tinha existido. Corria pela escola, perguntava a toda a gente, e nada. Quando entrei na cantina outras pessoas estavam a ocupar a mesa onde Ryan estava habitualmente. Ao longe avistei os meus amigos. Diane sorriu-me assim que me aproximei e deu-me um lugar ao pé dela.
Não me sentei.
-Diane, viste o Ryan? Ninguém parece…-conhece-lo, era o que teria dito se ela não me tivesse interrompido.
-Ryan? Que Ryan querida?
-Ryan, o meu Ryan. Alto, moreno, olhos verdes…pálido.
Até eu me apercebi da hesitação na minha voz.
Queria continuar a descrição, musculado, com um sorriso perfeito, um olhar sedutor, mas achei que aquela descrição seria suficiente. Na verdade Ryan era lindíssimo, quase parecido com um modelo. Se não fossem as desconfianças e os medos infundados de muitas pessoas, penso que ele poderia ser até uma das pessoas mais populares da escola.
-Sarah estás bem? Eu não conheço nenhum Ryan, e tu também não minha querida.
Diane conseguia ver o terror estampado na minha cara. Estava, de facto, aterrorizada.
-Kristin, tu sabes quem ele é certo? Foste tu que me falaste sobre ele quando ele cá chegou.
Kristin não me iria mentir, desde sempre que éramos grandes amigas. Kristin não me iria mentir.
-Não Sarah, desculpa. Não sei quem ele é, e penso nunca te ter falado sobre ele.
Não queria acreditar. Olhei para Kristin e vi que ela dizia a verdade.
Levantei-me e tentei encontrar a saída, mas estava tudo diferente, e por mais que corresse não conseguia encontrar a saída. Arrepiei-me, se eu não tivesse a certeza que o Ryan existia aquele sonho podia bem ser real. Na verdade, nunca tinha visto o Ryan com ninguém. Ele tinha chegado à escola à cerca de duas semanas, mas não era tempo suficiente para fazer amigos?
Via sempre Ryan com uma rapariga, que segundo Kristin era a sua irmã Anne, não gostava dela. Tal como Ryan, a sua beleza era estonteante, talvez fosse esse o motivo que me levava a não gostar dela, afinal ela passava tanto tempo com Ryan que…
Segundo Kristin, Anne e Ryan não eram do mesmo sangue, os seus pais haviam recorrido à adopção, o que para mim constituía um problema uma vez que dessa maneira…bem, não seria impossível que eles se apaixonassem.
A campainha tocou e o meu coração acelerou, “Ryan?” , desci as escadas a correr, embora que, quando cheguei o meu pai já tivesse aberto a porta.
“Diane” pensei. Que faria ela ali? Especialmente àquelas horas.
-Sarah? Olá, achas que…podemos falar?
-sim, claro, entra.
Comecei a subir as escadas enquanto a Diane me seguia. Que queria ela?
Quando entramos no meu quarto, antes que e pudesse dizer alguma coisa Diane começou.
-Ouve Sarah, estou aqui para falarmos acerca da discussão que tivemos ontem. Talvez tenha sido um pouco precipitada quanto a julgar o Ryan. Eu não o conheço e portanto…Bom, eu só me preocupo contigo. Porque o Ryan…ele evita as pessoas entendes? Não fala com mais ninguém a não ser a irmã, e bem…ela também evita as outras pessoas. E agora Ryan começou a falar contigo e isso de certa forma preocupou-me. Mas a verdade é que eu não conheço o Ryan e por isso devo-te um pedido de desculpas.
-Desculpas aceite. – E sorri.
Na verdade era terrivelmente difícil estar chateada com a Diane.
Depois de falarmos descemos as escadas juntas e tomamos o pequeno-almoço com Louis, o meu pai.
Fomos para a escola, cada uma no seu carro. O dia correu na normalidade, embora as horas demorassem a passar.
Diane insistiu para que a acompanhasse a um jantar com pessoas lá da escola, depois de muita insistência por parte de Diane acabei por concordar. Liguei ao meu pai de uma cabine telefónica para o avisar. Continuava a esquecer-me do telemóvel em casa, embora em situações destas fosse necessário.
O jantar foi animado, estavam lá todos os meus amigos e desviou o meu pensamento de Ryan embora que por apenas algumas horas.
Cheguei a casa exausta. Louis havia adormecido no sofá. Deixei-o ficar, estava demasiado cansada para responder ao seu interrogatório.
Subi as escadas e dirigi-me à casa de banho. Escovei os dentes e fui para o quarto, vesti o pijama. Hoje não demoraria muito a adormecer. Deitei-me, olhei para o lado e vi o meu telemóvel na mesinha de cabeceira. Fui ver.
Uma nova mensagem.
Ryan
“Estou de volta manhã. Vim com a minha família visitar uns familiares. Adoro-te!”
Apesar de estar cansada achei aquilo estranho. Amanhã seria sábado. Fim-de-semana. Sem aulas, porque razão não tinham ido dois dias depois? Assim nem Ryan nem Anne teria de faltar ás aulas.
Acabei por adormecer.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
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